20 de agosto de 2010

Muito sol

Tenho estado por minha conta estes últimos dias, o que me sabe sempre bem. Entre passeios e rotinas já criadas, vou sempre que posso dar uma volta na companhia do livro que ando a ler. Ontem fui até a praça Flagey, que é sempre a minha primeira opção. Adoro a diversidade de pessoas que ali se juntam para aproveitar os dias bons de sol. Pais e mães jovens com os filhos bem pequenos são muitos, marroquinos, brasileiros, belgas, japoneses... por ali na praça a passear ou de passagem.
Os bancos vermelhos corridos obrigam  as pessoas a sentarem-se lado a lado. Algum tempo depois de me instalar a ler, sentou-se ao meu lado um sem abrigo, segundo a minha amiga Hanatou, Bruxelas tem muita gente verdadeiramente pobre que vive na rua.
Este sem abrigo vestia um fardamento completo de tropa, de barbas grisalhas e pele escura. A sua chegada foi logo notada, o vento favorável  trouxe até mim, o cheiro de quem com toda a certeza não vê banho há muito tempo. Como em todas as outras ocasiões em que sai  para ler, hoje não foi excepção este sem abrigo tentou conversar comigo, do nada diz olá e pergunta o que estava a ler, com frases curtas vai dialogando, conhecia o Porto e achava as praias muito más. Dizia: Há sol, muito sol mas as praias são feias! Primeiro achei o comentário infeliz, mas depressa comecei a contar algumas senão muitas praias cheias de atentados, desde a falta de planeamento e ordenamento até ao simples mau hábito de levar o carro quase para cima da areia. Não sendo uma verdade, também não é uma completa mentira o comentário.

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